1º Trimestre | 2015

O acervo e as condições expositivas do Museu Felícia Leirner têm características bastante particulares, impondo metodologia e técnica de conservação igualmente especiais. Parte do acervo de esculturas é feito em técnica convencional de fundição em bronze, sendo a sua conservação amplamente referida em bibliografia especializada e contando com a vasta experiência da equipe de conservadores e restauradores da equipe coordenada por Julio Moraes.

Outra parte do acervo é composta por esculturas criadas com uma metodologia desenvolvida pela própria artista, consistindo basicamente em argamassas diversas, montadas sobre estruturas mistas de metal e madeira. Para a preservação destas peças foi necessário o desenvolvimento de procedimentos específicos, embasados em vários exames e testes preliminares.

Em 2009, iniciou-se a restauração dessas esculturas, que encontravam-se bastante deterioradas pela exposição ao ar livre, com grandes variações de temperatura e umidade, além da inevitável ação antrópica. A própria técnica da artista, que varia conforme a época de execução de cada obra, é pouco resistente a tais condições, pois Felícia as desenvolveu em atelier, sem prever necessariamente a sua permanência definitiva ao ar livre.

A heterogeneidade do estado de conservação, agravada pelas diferentes localizações das esculturas no parque e pela sua atratividade a frequentadores que sentem-se provocados a escalá-las, exigiu uma abordagem individual. A primeira intervenção de restauro foi bastante aprofundada e efetuada em vários níveis conforme a situação e particularidades de cada peça, desde a recuperação estrutural à da superfície.

Imediatamente em seguida, iniciaram-se os serviços de conservação preventiva, que consistem no monitoramento constante das obras e intervenções pontuais sempre que necessário. A manutenção periódica inclui documentação fotográfica, nova avaliação do estado de conservação e serviços de higienização, tratamento de argamassa, substituição da camada de pintura, eliminação de pontos de acúmulo de águas pluviais, etc. Há ainda o cuidado do entorno das obras, controlando-se a vegetação rasteira e prevendo ou minimizando a queda de árvores ou galhos.

Em 2010, iniciaram-se os serviços de restauração das obras confeccionadas em bronze, que também necessitavam de cuidados por problemas na deterioração da pátina e desestruturação das bases de alvenaria. Desde então executam-se serviços regulares de monitoramento e conservação preventiva também neste conjunto, com registro fotográfico, higienização, recuperação de pátina, aplicação de camadas de proteção, etc.