Maria Martins
Em “O Implacável”, da escultora brasileira Maria Martins, observamos respingos de cera e marcas de dedos impressos no bronze. A obra foi produzida enquanto a artista residia nos Estados Unidos, período em que teve aulas com o escultor lituano Jacques Lipchitz. Ambos apreciavam modelar em argila e, por essa razão, grande parte de suas obras foi realizada em bronze.
Após trabalharem a argila, a partir de desenhos preliminares ou de maneira espontânea, levavam a peça ao fogo, transformando-a em terracota. Em seguida, faziam um modelo em gesso para, então, realizar a fundição pelo método da cera perdida. No entanto, retocavam os modelos em cera não apenas para corrigir imperfeições, mas também como forma de expressão, tornando cada molde uma obra única. Para Maria Martins, a cera perdida era, em si, um material de criação: ela a derretia e, no resultado final, via-se o seu negativo — a impressão dos gestos e formas no bronze.
Maria Martins, *O implacável, 1947, bronze patinadoAcervo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
