2º QUADRIMESTRE Ir para o conteúdo

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, Museu Felícia Leirner, Auditório Claudio Santoro e ACAM Portinari, informam:

BOLETIM 39 Campos do Jordão | Agosto | 2025

Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes
diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos
Paulo Freire

O que podemos fazer com uma folha de sulfite em branco? Podemos transformá-la em um barco de papel, em um desenho para colorir, imprimir nela as regras de um jogo, usá-la como base para uma escultura de argila, e, no final de tudo, ela ainda pode virar papel machê. Ao pensarmos nas possibilidades de uma folha de sulfite, falamos aqui sobre as múltiplas formas que os materiais educativos museais podem assumir e sua importância na mediação entre o público e os equipamentos culturais. Neste boletim, vamos abordar a construção desses recursos pelo Núcleo Educativo do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro, apresentando algumas das atividades que o público já pode aproveitar durante as visitas.

Dentro da rotina do Núcleo Educativo, está o desenvolvimento de atividades que explorem, por meio dos eixos temáticos dos equipamentos culturais (Artes Visuais, Música e Meio Ambiente), novas formas de dialogar com os conteúdos específicos para os visitantes. Dessa proposta, nascem diferentes oficinas, com metodologias e objetivos próprios. Compreendemos que esses materiais têm o potencial de enriquecer e ampliar nossas mediações.

Uma das atividades criadas para o eixo de Artes Visuais é o “Moldando Expressões”, onde os visitantes são convidados a mergulhar no processo de produção da artista Felícia Leirner. São disponibilizados: argila (representando o momento em que os moldes de suas obras de bronze eram produzidos com barro), sabão de coco (para ficar semelhante à coloração das obras feitas de cimento branco armado com ferro) e estecas (ferramentas que auxiliam na modelagem). Os participantes podem se inspirar e criar releituras das esculturas que fazem parte do museu, como também são livres para criar sua própria arte. Dentro de metodologias pedagógicas, esta oficina encaixa-se perfeitamente na aplicação da Abordagem Triangular, defendida por Ana Mae Barbosa, que exemplifica como o ensino das artes pode ser estruturado em três pilares: apreciação (observação e análise crítica de obras de arte), contextualização (apresentação do contexto cultural, histórico e social no qual a obra foi criada) e o fazer artístico (momento de colocar a mão na massa, promovendo um momento de experimentação).

No eixo de Música, apresentamos aqui o “Jogo da Memória Musical”, composto por 16 caixinhas de fósforo personalizadas, em que cada dupla contém os mesmos materiais (variando entre botões, bolinhas de papel, sementes, grampos, miçangas, entre outros). Para testar a memória e a audição, os participantes sacodem uma caixinha por vez, prestando atenção no som para encontrar o par correspondente.

Já no eixo de Meio Ambiente, citamos o jogo “Qual é a Planta?”, que apresenta diferentes espécies de plantas nativas da Mata Atlântica e que podem ser encontradas no espaço do museu. O jogo é composto pelos seguintes materiais: uma ficha com as imagens e nomes de cada uma das espécies, um conjunto de fichas de perguntas e, por último, diversas letras para compor o nome de cada planta. Os visitantes que estiverem jogando devem se dividir em dois grupos, e o educador responsável pela mediação da oficina explicará sobre o bioma, sua diversidade e as espécies citadas no jogo. Em seguida, escolherá uma ficha de perguntas e lerá a questão em voz alta. O primeiro grupo a montar corretamente o nome da planta que acredita ser a resposta levará o ponto.

O que as atividades apresentadas nos dois eixos anteriores têm em comum? Elas seguem a metodologia de aprendizagem por meio de jogos, uma ferramenta capaz de destacar conceitos e favorecer a retenção do conteúdo, buscando um equilíbrio entre as funções lúdicas e educativas, mesclando o momento de lazer com saberes e conhecimentos.

Ao mesmo tempo em que muito é produzido, há uma constante preocupação com o quão sustentáveis são esses novos produtos educativos. Muitas vezes, reaproveitamos materiais que seriam descartados, como papelões, folhas de rascunho, garrafas plásticas e potes, que, com um toque de tinta, um pouco de glitter e cola quente, transformam-se em novos objetos. Também contamos com uma rica variedade de elementos naturais, como pinhas, folhas de diferentes árvores, sementes, galhos, entre outros, que nos permitem explorar a imaginação e os diversos caminhos que esses elementos efêmeros podem seguir – como se transformar em carimbos ou até mesmo em bonecos.

Constantemente, o Núcleo Educativo busca aprimorar suas oficinas, incorporando novidades que dialoguem com os eixos temáticos e com as práticas educativas do museu. Esse exercício envolve curiosidade e criatividade, refletindo a trajetória de cada educador em suas individualidades, formações e experiências – sejam elas pessoais, culturais ou profissionais. Cada um, com suas diferenças, compõe uma equipe interdisciplinar que, ao trabalhar coletivamente, desenvolve novos materiais e amplia as possibilidades de mediação.


REFERÊNCIAS

AMARAL. L (org). et al. Materiais educativos para museus e sua contribuição para a alfabetização científica. Rede de redes: diálogos e perspectivas das redes de educadores de museus no Brasil. São Paulo, 2018. Disponível em: https://www.sisemsp.org.br/redederedes/artigos/nucleo3/a15.html

ALVES, L.; BIANCHIN, M. A. O jogo como recurso de aprendizagem. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 27, n. 83, p. 282-287,    2010 .   Disponível em  http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862010000200013&lng=pt&nrm=iso

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MARANDINO. M. et al. A Educação em Museus e os Materiais Educativos. São Paulo: GEENF/USP, 2016. Disponível em: – http://www.geenf.fe.usp.br/v2/wp-content/uploads/2016/08/A-Educa%C3%A7%C3%A3o-em-Museus-e-os-Materiais-Educativos.pdf

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

RIZZI, M. C. de S. L.; SILVA, M. da. Abordagem Triangular do Ensino das Artes e Culturas Visuais: uma teoria complexa em permanente construção para uma constante resposta ao contemporâneo. Revista GEARTE, [S. l.], v. 4, n. 2, 2017. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/gearte/article/view/71934

Venha conhecer, participar, compartilhar dos nossos projetos e atividades.