3º QUADRIMESTRE Ir para o conteúdo

              O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Museu Felícia Leirner, Auditório Claudio Santoro e ACAM Portinari, informam:

BOLETIM 31 Campos do Jordão | Dezembro | 2022

A NARRATIVA DA SOCIABILIDADE NO RETORNO PRESENCIAL DAS AÇÕES EDUCATIVAS DO MUSEU FELÍCIA LEIRNER

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”

Paulo Freire

A mediação entre os bens culturais e a sociedade, é uma das principais missões do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Por muitos meses, a aproximação dos diversos públicos com o acervo museológico e patrimônio ambiental das instituições foi promovida pelo setor educativo, por intermédio de recursos digitais. A equipe se adaptou ao ambiente virtual, reinventando a educação museal e mantendo a qualidade da difusão cultural. Um desafio e tanto que foi, inclusive, tema do Boletim para Educadores publicado em dezembro de 2021.

A partir desse ano, de maneira gradual, houve a retomada das parcerias institucionais do Museu e Auditório, tornando novamente possível a troca presencial de conhecimentos, valores, ideias e costumes entre os sujeitos. O setor educativo reestabeleceu, aos poucos, o contato direto com professores e professoras, alunos e alunas, e com o público em geral. Um sentimento de alegria e alívio, motivo de esperança para todos.

Foi nesse momento de transição, ou seja, de readaptação a um “novo”, porém, já conhecido contexto, que a narrativa da sociabilidade dentro das ações educativas atravessou intensamente a vivência e o dia a dia do Museu Felícia Leirner. As visitas educativas, por exemplo, tornaram-se experiências ainda mais significativas, na medida em que, para além da importância da interação e contato presencial, depois de um longo período de isolamento, com o acervo artístico, cultural e ambiental, a visita ao Museu pôde promover um espaço extramuros escolares para a sociabilidade das crianças, jovens e adultos. Dessa forma, o Museu Felícia Leirner se transformou de novo, e agora ainda mais intensamente do que antes da pandemia, em ponto de encontro da sociedade, seja ela formada por grupo de turismo ou escolar, público idoso, em situação de vulnerabilidade social, com deficiência ou visitantes espontâneos.

A relação do setor educativo com a comunidade local ganhou novo fôlego. Parcerias foram retomadas e outras firmadas. As ações de educação desenvolvidas junto a Apae Campos do Jordão, seja na escola ou no museu, reconectaram os laços entre os jovens e os educadores. Um território de afetos e aprendizagens, de ambos os lados, construído a partir da troca em atividades vinculadas aos eixos norteadores do trabalho educativo do Museu: arte, meio ambiente e música. A retomada trouxe novamente os abraços e sorrisos, resgatando o que há de mais especial na convivência presencial. Foram desenvolvidas atividades que estimulassem os sentidos, criatividade, coordenação motora e o desenvolvimento cognitivo dos alunos, levando em consideração o público em específico e uma perspectiva lúdica do processo de ensino e aprendizagem. A oficina “Bichos de Felícia”, por exemplo, foi um importante momento de troca e mediação interdisciplinar, trabalhando temáticas de preservação patrimonial, ambiental e técnicas artísticas.

O Centro de Convivência do Idoso (CCI), de Campos do Jordão, é o novo parceiro do Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. Por meio do Programa “Outono”, o núcleo de educação vem desenvolvendo ações pensadas especialmente para o atendimento do público idoso. O grupo já realizou visitas às instituições culturais, experiência maravilhosa que terminou com a cantoria improvisada do coral do CCI, na Concha Acústica do Museu. Ser um espaço de excelência para a ampliação das interações sociais legitima a relevância dos espaços culturais como polos de sociabilidade. As ações se transformam em experiências coletivas, elaborando narrativas e sentidos que fortalecem a identidade do grupo. Extrapolando os muros da instituição, o setor educativo realizou a oficina “Moldando Expressões” no próprio espaço de convivência dos idosos. O trabalho manual, de moldagem da argila e biscuit, estabeleceu, durante a execução da atividade, um momento de conversa e lazer entre os idosos, capturados pelos registros fotográficos do setor educativo.

Todos os projetos, programas e ações desenvolvidos pelo Museu e Auditório refletem sobre o dever dos equipamentos culturais de se constituírem enquanto polo de sociabilidade para a comunidade local. O setor educativo segue refletindo sobre a sua prática dentro e fora dos muros institucionais, buscando aproximar cada vez mais a comunidade local, abrir o diálogo com os diversos públicos e instituições parceiras.

REFERÊNCIAS:

RAFAEL, Lígia; PALMA, Maria de Fátima. Os museus como espaços de sociabilidade: as experiências educativas do museu de Mértola. Cam – Comunicações em Conferências Internacionais, Mértola, n. 106, p. 1-13, dez. 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.26/4427.

DE MEDEIROS, Maria do Carmo Vieira. Museu e sociabilidade: o papel do museu na educação patrimonial e incentivo à cultura. V Colóquio de História: Perspectivas Históricas: historiografia, pesquisa e patrimônio, Pernambuco, p.785-794.

SANTOS, Thiago Haruo; RAMALHO, Guilherme. Escuta em tempos de pandemia: participação em museus a partir da experiência do Museu da Imigração do Estado de São Paulo. Simbiótica. Revista Eletrônica, v. 8, n. 2, p. 92-114, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Programa Educativo e Cultural. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

MUSEU FELÍCIA LEIRNER E AUDITÓRIO CLAUDIO SANTORO. Plano Museológico. ACAM Portinari: Campos do Jordão, 2021.

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